As decisões do Concílio de Nicéia

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 01:59

Nicéia I, Concílio de.
Primeiro dos encontros ecumênicos do cristianismo, convocado pelo imperador Constantino e realizado em 325, na cidade de Nicéia, hoje Iznik, na Turquia. Condenou o arianismo e promulgou o credo conhecido como Símbolo de Nicéia.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Heresia
Disputas cristológicas entre Oriente e Ocidente. O reconhecimento do cristianismo com o Edito de Milão e sua posterior conversão em religião oficial do Império Romano fizeram da igreja um centro de lutas políticas, especialmente entre Oriente e Ocidente. A primeira ocasião de controvérsia surgiu com a doutrina de Ário, sacerdote que, de sua comunidade em Alexandria, negava a natureza divina de Jesus Cristo. O imperador Constantino convocou o primeiro concílio ecumênico em Nicéia, no ano 325, e sugeriu a expressão "o Filho é consubstancial ao Pai". Sufocado militarmente, o arianismo difundiu-se entre os povos germânicos mas, na Espanha visigoda, chegou a perdurar como doutrina oficial até o ano 589.
Durante o século V, de fato, o problema de como conciliar a natureza divina com a humana na pessoa de Cristo dividiu as duas grandes escolas teológicas. A de Antioquia, mais racionalista e realista, insistiu no aspecto humano; a de Alexandria, propensa à especulação mística, no lado divino. A disputa entre Antioquia e Alexandria sofreu a interferência das flutuações do patriarcado de Constantinopla e do imperador, que temia a fragmentação do império.
Na linha da escola de Antioquia, Nestório defendeu com tal ênfase a tese das duas naturezas de Cristo que o apresentou como duas pessoas, de onde se deduz que Maria não era mãe de Deus (theotokos). Essa doutrina foi condenada pelo Concílio de Éfeso (431). Entre os séculos V e VIII a escola de Alexandria, que impusera suas teses em Éfeso, acentuou sua posição até o ponto de defender que em Cristo só havia uma natureza, a divina (monofisistas), ou uma vontade (monoteletas). Essas doutrinas foram condenadas nos concílios de Calcedônia (451) e Latrão (649).
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Nicéia II, Concílio de.
Sétimo concílio ecumênico das igrejas cristãs, realizado em 787 na antiga cidade de Nicéia, atualmente Iznik, na Turquia. Convocado para resolver a Controvérsia Iconoclasta, iniciada em 726, disciplinou o sentido da veneração das imagens.
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Não devemos nos esquecer de que a Igreja cristã deve os seus Evangelhos canônicos atuais e, por conseguinte, todo o seu dogmatismo religiosos, ao Sortes Sanctorum. Incapaz de se pôr em acordo sobre quais eram os mais inspirados divinamente, dentre os numerosos Evangelhos existentes à sua época, o misterioso Concílio de Nicéia resolveu deixar à intervenção miraculosa da decisão sobre essa questão embaraçante. Esse Concílio de Nicéia pode muito bem ser chamado de misterioso. Havia mistério, em primeiro lugar, no número místico dos seus 318 bispos, a que Barnabé (Epístola de Barnabé, VIII, 11-3; ed. por Hone, Londres, 1820.) deu muita importância; além disso, não há concordância entre os escritores antigos quanto à época e ao local de realização dessa reunião, nem mesmo sobre quem seria o bispo que a presidiu.(Mosheim, An Eccl. Hist., cent. IV, parte II, cap. V, inciso 12.)

Não obstante o grandiloqüente elogio de Constantino (Socrates Scholasticus, Eccl. Hist., I, IX.), Sabino, o Bispo de Heracléia, afirma que, "exceto Constantino, o imperador, e Eusébio Panfílio, esses bispos eram um conjunto de criaturas iletradas, simples, que não compreendiam coisa alguma" (Ibid., I, VIII.) - o que equivale a dizer que eram um bando de imbecis. Essa era aparentemente a opinião de Papus, que nos conta do pouco de magia executada para saber quais eram os Evangelhos verdadeiros. No seu Synodicon desse Concílio, Papus diz [que], tendo "posto promiscuamente todos os livros apresentados à escolha do Concílio sob a mesa da comunhão de um igreja, eles [os bispos] pediram ao Senhor que os escritos inspirados fossem deixados sobre a mesa, ao passo que os espúrios ficassem sob ela - e isso realmente aconteceu" (Fabrício, Bibl. graeca, livro VI. cap. III, 34, "Synodus Nicaena"). Mas ninguém nos diz quem ficou com as chaves da câmara conciliaria durante aquela noite!

Com base na autoridade das testemunhas eclesiásticas, portanto, tomamos a liberdade de dizer que o mundo cristão deve sua "Palavra de Deus" a um processo adivinhatório, pelo qual a Igreja, em seguida, condenou vítimas infelizes como conjuradores, encantadores, mágicos, feiticeiros e vaticinadores e os queimou aos milhares! Falando desse fenômeno verdadeiramente divino da escolha dos manuscritos, os padres da Igreja dizem que o próprio Deus preside as Sortes. Agostinho confessa que ele próprio usou essa espécie de adivinhação. Mas as opiniões, como também as religiões reveladas, estão aptas a se modificarem. Aquele que por quase mil e quinhentos anos foi imposto à cristandade como um livro em que toda e qualquer palavra foi escrita sob a supervisão direta do Espírito Santo e onde nenhuma sílaba, nenhuma vírgula, poderia ser modificada sem o cometimento de um sacrilégio - esse livro está agora sendo retratado, revisado, corrigido e tosquiado em versículos inteiros, em alguns casos em capítulos inteiros. E, assim, tão logo uma nova edição venha a lume, seus doutores o aceitarão como uma nova "Revelação" do século XIX, sob o risco de serem considerados infleis. Assim, vemos que, tanto no interior quanto no exterior dos seus recintos, a Igreja infalível deve ser acreditada mais do que seria razoavelmente conveniente. Os ancestrais dos nossos teólogos modernos encontraram justificativa para as Sortes no versículo que diz que "A sorte é lançada, mas toda decisão vem do Senhor" (Provérbios, XVI, 33. No Egito Antigo e na Grécia, bem como entre os israelitas, varetas e bolas chamadas "sortes adivinhatórias sagradas" eram usadas para essa espécie de oráculos nos templos. O sacerdote interpretava o desejo do deus segundo as figuras pela justaposição acidental dessas sortes.), e agora os seus herdeiros diretos afirmam que "o Diabo é quem decide”.

 

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