A alma, um ser objetivo por si mesma

Enviado por Estante Virtual em sex, 23/11/2012 - 19:35

O Barão Bunsen demostra que "a origem das preces e dos hinos antigos do Livro dos Mortos egípcios é anterior a Menes e pertence, provavelmente, à dinastia pré-menita de Abydos, entre 3100 e 4500 a.C.". O erudito egiptólogo remonta a era de Menes, ou Império Nacional, ao ano 3059 a.C. e demonstra que "o sistema de adoração e da mitologia osiriana já estava formado" antes da era de Menes.

Encontramos nos hinos dessa época pré-edênica cientificamente estabelecida (pois Bunsen leva muitos séculos para trás o ano da criação do mundo, 4.004 a.C., fixado pela cronologia bíblica) lições precisas de moralidade, idênticas em substância e na forma e na expressão muito parecidas, com aquelas que foram pregadas pôr Jesus no seu Sermão da Montanha. É o que se pode inferir das investigações levadas a efeito pelos egiptólogos e hierologistas mais eminentes. "As inscrições da décima segunda Dinastia estão plenas de formas ritualistas", diz Bunsen. Extratos dos Livros Herméticos foram encontrados em monumentos das dinastias mais antigas e "não são incomuns os trechos de um ritual antigo, nos da décima segunda dinastia. (...) Alimentar o faminto, dar de beber ao sedento, vestir o nu, cremar o morto (...) constituíam a primeira tarefa de um homem piedoso (...). A doutrina da imortalidade da alma é tão antiga quanto ao período de 3100 e 4500 a.C..

É mais antiga ainda, talvez. Ela data da época em que a alma era um ser objetivo e, portanto, não podia ser negada pôr si mesma; em que a Humanidade era uma raça espiritual e a morte não existia. Por volta do declínio do ciclo da vida, o homem-espírito etéreo caiu no doce cochilo da inconsciência temporária em uma esfera para despertar na luz ainda mais brilhante de um esfera mais elevada. Mas ao passo que o homem espiritual se esforça continuamente para ascender cada vez mais à sua fonte de origem, passando pelos ciclos e esferas da vida individual, o homem físico tem de descer com o grande ciclo da criação universal até se revestir das vestes terrestres. Então a alma foi de tal maneira sepultada sob a vestimenta física, na tentativa de reafirmar a sua existência, exceto nos casos de naturezas mais espirituais, que, em cada ciclo, ela se tornou cada vez mais rara. Embora nenhuma das nações pré-histórica tivesse pensado em negar a existência ou a imortalidade do homem interior, o "Eu" Real. Devemos ter em mente os ensinamentos dos antigos filósofos: só o Espírito é Imortal - a alma, per se, não é eterna, nem divina. Quando ligada muito estritamente ao cérebro físico do seu envoltório terrestre, torna-se gradualmente uma mente finita, o mero princípio da vida animal e senciente, o nephesh da Bíblia hebraica.

A doutrina da natureza trina do homem está tão claramente definida nos livros herméticos quanto no sistema platônico, ou ainda nas filosofias budista e bramânica. E este é um dos ensinamentos mais importantes e menos conhecido das doutrinas da ciência hermética.

Os mistérios egípcios, tão imperfeitamente conhecidos pelo mundo, e aos quais poucas e breves alusões são feitas nas Metamorfoses de Apuleio, ensinaram as maiores virtudes. Eles revelaram ao aspirante aos mistérios “mais elevados” da iniciação aquilo que muitos dos nossos estudantes hermetistas modernos procuram em vão nos livros cabalísticos e que os ensinamentos obscuros da Igreja, sob a direção da Ordem dos Jesuítas, nunca poderão revelar. Comparar, então, as antigas sociedades secretas dos hierofantes, com as alucinações artificialmente produzidas desses poucos seguidores de Loiola, por mais sinceros que eles fossem no começo de sua carreira, é um insulto para com as primeiras.

Um dos obstáculos mais difíceis para a iniciação, entre os egípcios, como entre os gregos, era ter cometido um assassinato em qualquer grau. Um dos maiores títulos para admissão na Ordem dos Jesuítas é um assassinato em defesa do jesuitismo. “As crianças podem matar os seus pais, se estes as compelirem a abandonara fé católica.”

 

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