Capítulo 10 - O Resultado do Estudo Teosófico

Enviado por Estante Virtual em sex, 08/06/2012 - 19:30
“Membros da Sociedade Teosófica estudam estas verdades e Teósofos tentam vivenciá-las”. Que tipo de homem então é o verdadeiro Teósofo em conseqüência de seu conhecimento? Qual é o resultado em sua vida cotidiana de todo este estudo?
 
Considerando que existe um Poder Supremo que está dirigindo o curso da evolução, e que Ele é todo-sábio e todo-amoroso, o Teósofo vê que tudo que existe dentro deste esquema deve ter sido planejado para incrementar o seu progresso. Ele percebe que a escritura que nos diz que todas as coisas estão trabalhando juntas para o bem não está condescendendo em um vôo de fantasia poética ou dando voz a uma esperança piedosa, mas apresentando um fato científico. A obtenção final de glória inenarrável é uma certeza absoluta para cada filho do homem, qualquer que seja no presente a sua condição; mas isso de modo nenhum é tudo. Aqui e neste presente momento ele está a caminho daquela glória; e todas as circunstâncias que o rodeiam pretendem ajudar e não bloqueá-lo, se apenas forem corretamente compreendidas. É uma triste verdade que no mundo haja tanto de mal e aflição e sofrimento; já do ponto de vista mais alto o Teósofo percebe que, terrível que seja isso, é só temporário e superficial, e tudo está sendo utilizado como fator de progresso.
 
Quando nos dias de sua ignorância ele olhou para estas condições a partir de seu próprio nível quase lhe foi impossível perceber isto; enquanto olhava de baixo para o lado inferior da vida, com seus olhos fixos todo o tempo sobre algum mal aparente, nunca poderia ter conseguido uma percepção real de seu significado. Agora que ele se elevou acima disso aos níveis superiores de pensamento e consciência, e olha para baixo com o olho do espírito e compreende as circunstâncias em sua inteireza, então ele pode ver que em verdade tudo está bem – não que tudo estará bem em algum futuro remoto, mas que mesmo agora neste momento, no meio da lida incessante e do aparente mal, a poderosa corrente da evolução ainda está fluindo, e assim tudo está bem porque tudo está se movendo em perfeita ordem em direção à meta final.
 
Alçando assim sua consciência acima da tormenta e da tensão da vida mundana, ele reconhece o que costumava parecer ser o mal, e nota como aparentemente ele está pressionando para trás contra a grande corrente do progresso; mas ele vê também que o impulso progressivo da lei divina da evolução guarda para com este mal superficial a mesma relação que a tremenda torrente do Niágara guarda para com os borrifos de espuma em sua superfície. Então enquanto simpatiza profundamente com todos os sofredores, ele também percebe qual será o fim deste sofrimento, e assim para ele o desespero ou a desesperança são impossíveis. Ele aplica esta consideração às suas próprias tristezas e dificuldades, bem como às do mundo, e portanto um dos grandes frutos da sua Teosofia é uma serenidade perfeita – e mesmo mais do que isso, uma jovialidade e alegria perpétuas.
 
Para ele há uma completa ausência de preocupações, porque em verdade não há nada mais com que se preocupar, uma vez que ele sabe que tudo deve estar bem. Sua Ciência superior o torna um inabalável otimista, pois ela lhe mostra que qualquer que seja o mal que possa haver em qualquer pessoa ou em qualquer momento, ele é necessariamente temporário, porque se opõe à irresistível corrente da evolução; enquanto que qualquer que seja o bem em qualquer pessoa ou em qualquer momento, deve necessariamente ser perdurável e útil, porque tem atrás de si a onipotência daquela corrente, e portanto deve permanecer e prevalecer.
 
Já não se deve supor sequer por um momento que por ele ser tão plenamente confiante do triunfo final do bem permaneça indiferente ou insensível aos males que existem no mundo em seu redor. Ele sabe que é seu dever combatê-los com o máximo de seu poder, porque assim fazendo ele estará trabalhando ao lado da grande força evolucionária, e estará trazendo para mais perto o tempo de sua vitória final. Ninguém será mais ativo que ele no trabalho para o bem, mesmo estando absolutamente livre do sentimento de desvalia e desesperança que tão amiúde oprimem aqueles que tentam ajudar seus semelhantes.
 
Um outro valiosíssimo resultado de seu estudo Teosófico é a ausência de medo. Muitas pessoas estão constantemente ansiosas ou preocupadas sobre uma coisa ou outra; estão receando que isto ou aquilo lhes suceda, que este ou aquele plano possa falhar, e assim todo o tempo estão em uma condição de desassossego; e mais grave do que tudo para muitos é o temor da morte. Para o Teosofista todo este sentimento é inteiramente afastado. Ele compreende aquela grande verdade da reencarnação. Ele sabe que já descartou corpos físicos muitas vezes antes, e vê assim que a morte não passa de um sono – que assim como o sono sobrevém entre dois de nossos dias de trabalho e nos dá descanso e renovação, assim entre estes dias de trabalho aqui na Terra, que chamamos de vidas existe uma grande noite de vida astral e celeste para nos dar repouso e renovação e nos ajudar em nosso caminho.
 
Para o Teósofo a morte é simplesmente o abandono por algum tempo desta roupagem de carne. Ele sabe que é seu dever preservar a vestimenta corporal o mais possível, e obter através dela toda a experiência que puder; mas quando lhe chegar o tempo de deixá-la de lado ele o fará agradecido, porque sabe que o próximo estágio será muito mais agradável do que este. Assim ele não terá nenhum medo da morte, mesmo que perceba que deve viver sua vida até o final prescrito, porque ele está aqui no intuito de progredir, e que o progresso é a única coisa realmente importante. Toda sua concepção de vida é diferente; o objetivo não é ganhar muito dinheiro, nem obter tal ou qual posição; a única coisa importante é cumprir o Plano Divino. Ele sabe que é por isso que está aqui, e que tudo o mais deve ceder o passo a isto.
 
É completamente livre também de todos os temores ou preocupações ou problemas religiosos. Todas estas coisas lhe são afugentadas, porque vê com clareza que o progresso para o mais alto é a Vontade Divina para nós, que não podemos escapar do progresso, e que seja o que for que encontremos em nosso caminho e o que quer que nos suceda é planejado para nos ajudar ao longo desta via; que nós próprios somos absolutamente as únicas pessoas que podem nos atrasar ou adiantar. Já não se perturba ou teme por si. Ele simplesmente vai em frente e cumpre o dever mais imediato do melhor modo que pode, confiante de que se faz assim tudo irá melhor para ele sem sua perpétua preocupação. Ele está muitíssimo satisfeito fazendo seu trabalho e tentando ajudar seus companheiros de raça, sabendo que o grande Poder Divino por trás o impulsionará para diante lenta e constantemente, e fará por ele tudo o que puder ser feito, tão logo sua face se volte decididamente para a direção correta, tão logo ele faça tudo o que razoavelmente puder.
 
Uma vez que sabe que todos somos parte de uma só grande evolução e literalmente somos todos filhos de um único pai, percebe que a fraternidade universal da humanidade não é nenhuma mera concepção poética, mas um fato definido; não um sonho de algo que haverá na vaga distância da Utopia, mas uma condição existindo aqui e agora. A certeza desta fraternidade todo-abrangente lhe dá uma visão mais ampla da vida e um ponto de vista largo e impessoal de onde considerar tudo. Ele percebe que os verdadeiros interesse de todos são de fato idênticos, e que nenhum homem pode jamais fazer alguma aquisição para si à custa do prejuízo ou sofrimento de outrem. Isto não é para ele um artigo de fé religiosa, mas um fato científico provado a ele por seu estudo. Ele vê que uma vez que a humanidade é literalmente um todo, nada que prejudique um homem pode jamais ser realmente bom para qualquer outro, pois a injúria feita influencia não só quem a comete mas também os que o rodeiam.
 
Ele sabe que a única vantagem real para ele é o benefício que compartilha com todos. Ele vê que qualquer avanço que for capaz de realizar na senda do progresso espiritual ou do desenvolvimento é algo assegurado não só para si mas para outros. Se ele ganha conhecimento ou auto-controle, seguramente adquire muito para si, e não tira nada de ninguém, mas ao contrário auxilia e fortalece os outros. Conhecedor que é da absoluta unidade espiritual da humanidade, ele sabe que, mesmo neste mundo inferior, nenhum proveito verdadeiro pode ser obtido por um homem se não o for em nome e por amor da humanidade; que o progresso de um homem deve ser um aliviamento do fardo de todos; que o avanço de um homem em coisas espirituais significa um levíssimo ainda que não imperceptível avanço para a humanidade como um todo; que cada um que nobremente suporte sofrimento e tristeza em sua luta em direção à luz estará diminuindo também um pouco da pesada carga da tristeza e sofrimento de seus irmãos.
 
Porque reconhece esta fraternidade não meramente como uma esperança acalentada por homens desesperados, mas um fato definido derivando em seqüência científica de todos os outros fatos; porque ele vê isso como uma certeza absoluta, sua atitude para com todos à sua volta muda radicalmente. Se torna uma postura sempre de auxílio, sempre da mais profunda simpatia, pois ele vê que nada que colida com os mais altos interesses alheios pode ser a coisa certa para ele fazer, ou pode ser bom para ele de qualquer maneira.
 
Disto segue-se naturalmente que ele se torna cheio com a mais ampla tolerância e caridade possíveis. Ele não pode ser senão tolerante sempre, porque sua filosofia lhe mostra que importa pouco no que um homem acredita, desde que seja um homem bom e verdadeiro. Também deve ser caridoso, porque seu conhecimento mais vasto o habilita fazer concessões por muitas coisas que o homem comum não entende. O padrão do Teósofo em relação ao certo e o errado é sempre mais alto que o do homem menos instruído, embora seja muito mais gentil que este último em seus sentimentos para com o faltoso, porque ele compreende mais da natureza humana. Ele percebe como a falta aparece ao faltoso no momento em que a comete, e assim ele faz concessões maiores do que as que jamais são feitas pelo homem que é ignorante disso.
 
Ele vai além da tolerância, da caridade, da simpatia; ele sente positivo amor pelo gênero humano, e isso o leva a adotar uma posição de vigilante auxílio. Ele sente que cada contato com outros é para ele uma oportunidade, e o conhecimento adicional que seu estudo lhe terá trazido o torna mais capaz de dar conselho ou ajuda em quase qualquer caso que lhe surja. Não que esteja perpetuamente impondo suas opiniões sobre outras pessoas. Ao contrário, ele observa que fazer isso é um dos erros mais comuns cometidos pelo não instruído. Ele sabe que a discussão é um tolo desperdício de energia, e portanto ele recusa debater. Se qualquer um quiser dele uma explicação ou conselho ele será mais que desejoso em dá-los, mesmo que não tenha nenhum tipo de vontade de converter qualquer um ao seu próprio modo de pensar.
 
Em cada relação da vida norteia a idéia de ajudar, não só os seus semelhantes mas também o vasto reino animal que o cerca. Indivíduos deste reino são freqüentemente trazidos para estreita relação com o homem, e isto é para ele uma oportunidade de fazer algo por eles. O Teósofo reconhece que estes também são seus irmãos, mesmo que possam ser irmãos mais jovens, e que ele tem um dever fraternal para com eles também –agindo e pensando de modo que sua relação com eles seja sempre para seu bem e jamais para seu prejuízo.
 
Prioritariamente e acima de tudo, sua Teosofia deve ser-lhe uma doutrina do bom senso. Ela põe diante dele, até onde ele puder por ora apreendê-los, os fatos sobre Deus e o homem e as relações entre ambos; então passa a levar estes fatos em conta e a agir em relação a eles com juízo equilibrado e senso comum. Ele regula sua vida de acordo com as leis da evolução que lhe foram ensinadas, e isso lhe dá um ponto de vista totalmente novo, e uma pedra-de-toque com a qual comparar tudo – seus próprios pensamentos e sentimentos, e sua ações em primeiro lugar, e depois aquelas coisas que lhe surgem no mundo externo a si.
 
Sempre aplica este critério: A coisa é certa ou errada, ajuda ou entrava a evolução? Se um pensamento ou sentimento se ergue nele, ele vê de imediato com este teste se é uma coisa que deva encorajar. Se for para o maior bem da maioria então tudo está bem; se pode limitar ou causar injúria a qualquer ser em seu progresso, então é um mal a ser evitado. Exatamente o mesmo critério funciona bem se ele for chamado a decidir a respeito de qualquer coisa externa a si. Se daquele ponto de vista uma coisa for boa, então ele pode conscienciosamente apoiá-la; se não, então não é para ele.
 
Para ele a questão de interesse pessoal não entra nunca em jogo. Ele pensa simplesmente no bem da evolução como um todo. Isso lhe dá um parâmetro nítido e um discernimento claro, e remove dele ao mesmo tempo o sofrimento da indecisão e hesitação. A Vontade da Deidade é a evolução humana; portanto o que quer que ajude esta evolução deve ser bom; o que quer que se interponha no seu caminho a atrasa, então aquilo deve ser uma coisa errada, mesmo que possa ter a seu lado todo o peso da opinião pública e da tradição ancestral.
 
Sabendo que o verdadeiro homem é o Ego e não o corpo, ele vê que é apenas a vida do Ego o que interessa, e que tudo ligado ao corpo deve sem hesitação ser subordinado àqueles interesses mais elevados. Ele reconhece que esta vida terrena lhe é dada no intuito do progresso, e que este progresso é a única coisa importante. O propósito real de sua vida é o desdobramento de seus poderes como Ego, o desenvolvimento de seu caráter. Ele sabe que deve haver evolução não só do corpo físico mas também da natureza mental, da mente, e das percepções espirituais. Ele vê que nada menos que absoluta perfeição é esperada dele em relação a este desenvolvimento; que todos os poderes em relação a isso estão em suas mãos; que ele tem um tempo infinito diante dele para obter tal perfeição, mas o quanto antes ela puder ser obtida mais feliz e mais útil ele será.
 
Ele reconhece sua vida como nada além de um dia de escola, e seu corpo físico como uma roupa temporária envergada com o propósito de aprender através dela. Ele sabe definitivamente que este propósito de aprender lições é o único com alguma importância real, e que o homem que se permite ser desviado deste propósito por quaisquer considerações que sejam estará agindo com inconcebível estupidez. Para ele a vida devotada exclusivamente a objetivos físicos, para a aquisição de riqueza ou fama, parece uma mera brincadeira de criança – um sacrifício inútil de tudo o que é realmente digno de ser possuído em favor de uns poucos momento de gratificação da parte inferior de sua natureza. Ele “põe seu amor nas coisas do alto e não nas coisas do mundo”, não só porque ele vê que este é o rumo certo de atuação, mas porque ele percebe tão claramente a futilidade das coisas da Terra. Ele sempre tenta assumir o mais alto ponto de vista, pois ele sabe que o inferior é completamente duvidoso – que os desejos e sentimentos inferiores se juntam em seu redor como uma densa nuvem, e tornam-lhe impossível ver claramente daquele nível.
 
Sempre que encontra um conflito ocorrendo em si ele lembra que ele mesmo é o mais alto, e que este que é o inferior não é o Eu real, mas meramente uma parte descontrolada de um de seus veículos. Ele sabe que ainda que possa cair mil vezes no caminho para sua meta, seu motivo de tentar atingí-la permanece tão forte depois da milésima queda como era no início, de modo que seria não só inútil mas tolo e errado dar vazão ao desânimo e desesperança.
 
Ele começa imediatamente sua jornada na via do progresso– não só porque ele sabe que é muito mais fácil para ele agora do que deixar para fazer o esforço mais tarde, mas principalmente porque se tentar agora e conseguir fazer algum progresso, se ele se elevar assim a algum nível superior, ele estará em posição de estender uma mão auxiliadora àqueles que ainda não chegaram sequer àquele degrau que ele atingiu na escada. Desta maneira ele toma parte, por mais humilde que seja, na grande obra divina da evolução.
 
Ele sabe que ele chegou a este ponto atual somente por um lento processo de crescimento, e portanto não espera instantâneas conquistas de perfeição. Ele vê quão inevitável é a grande lei de causa e efeito, e que quando ele uma vez entender a operação daquela lei ele poderá usá-la inteligentemente, a respeito do desenvolvimento mental e moral, assim como no mundo físico podemos empregar para nosso auxílio aquelas leis da natureza cuja ação tivermos aprendido a entender.
 
Compreendendo o que é a morte, ele sabe que não precisa receá-la ou lamentá-la, seja quando chegar para si ou para aqueles que ama. Ela lhe tem chegado tantas vezes antes, então não há nada de estranho nela. Ele vê a morte simplesmente como uma promoção de uma vida que é mais que metade física para uma que é inteiramente superior, de modo que ele destemidamente a acolhe; e mesmo quando chega para aqueles que ama, ele reconhece prontamente a vantagem para eles, mesmo que não possa senão sentir uma pontada de mágoa por temporariamente ter de ser separado deles no que se refere ao mundo físico. Mas ele sabe que os assim chamados mortos ainda estão perto dele, e que ele tem apenas que sair um pouco de seu corpo físico enquanto dorme para ficar lado a lado com eles como antes.
 
Ele vê claramente que o mundo é um só, e que a mesma Lei Divina rege todo o conjunto, seja visível ou invisível à visão física. Assim ele não tem nenhum sentimento de nervosismo ou estranheza em passar de uma parte a outra, e nenhum sentimento de incerteza sobre o que encontrará no outro lado do véu. Ele sabe que naquela vida mais alta se abre diante dele um esplêndido panorama de oportunidades tanto para aquisição de conhecimento em primeira mão como para fazer trabalho útil; que a vida fora deste corpo físico tem uma vivacidade e brilho para a qual todo o gozo terreno representa nada; e assim através de seu claro conhecimento e tranqüila confiança o poder da vida eterna irradia-se para todos ao seu redor.
 
Dúvidas sobre seu futuro lhe são impossíveis, pois só de olhar o selvagem ele percebe o que foi no passado, e só de olhar para os maiores e mais sábios da raça humana ele percebe o que deverá ser no futuro. Ele vê uma ininterrupta seqüência de desenvolvimento, uma escada de perfeição se elevando constantemente à sua frente, com seres humanos em cada degrau dela, de modo que ele sabe que aqueles degraus lhe são possíveis de subir. É exatamente por causa da imutabilidade da grande lei de causa e efeito que ele se vê capaz de subir aquela escadaria, porque, já que a lei trabalha sempre do mesmo modo, ele pode fiar-se nela e utilizá-la, exatamente como ele usa as leis da Natureza nos mundos físicos. Seu conhecimento desta lei lhe traz um senso de perspectiva, e lhe mostra que se algo lhe sucede, o faz porque ele o terá merecido como conseqüência de uma ação que cometeu, das palavras que falou, dos pensamentos que abrigou em dias anteriores ou vidas pregressas. Ele compreende que toda aflição tem o caráter de pagamento de débitos, e portanto quando ele tem de se haver com os problemas da vida ele os toma e utiliza como lição, porque entende o motivo de surgirem e é contente pela chance que lhe dão de saldar algumas de suas obrigações.
 
Novamente, e já de outra forma, ele os toma como uma oportunidade, pois vê que há um outro lado neles se ele os enfrenta da maneira correta. Ele não gasta seu tempo assumindo penas futuras. Quando os problemas chegarem ele não os piora com uma tola ruminação mas se dispõe a suportá-los tanto quanto for o inevitável, com paciência e fortaleza. Não que se lhes submeta como um fatalista o faria, pois ele toma circunstâncias adversas como um incentivo para um desenvolvimento tal que o faça transcendê-las, e assim a partir do mal antigo ele engendra uma semente de crescimento futuro. Pois no próprio ato de pagar o enorme débito ele desenvolve as qualidades de coragem e determinação que o colocarão em boa posição através de todas as eras que hão de vir.
 
Ele é distinguível do resto do mundo por sua perene jovialidade, sua coragem indômita sob as dificuldades, e sua pronta simpatia e prestimosidade; e ao mesmo tempo ele é nitidamente um homem que leva a vida a sério, que reconhece que há muito para cada um fazer no mundo, e que não há tempo a perder. Ele sabe com certeza absoluta que ele não só faz seu próprio destino mas também gravemente afeta o dos outros que o cercam, e assim percebe quão pesada responsabilidade acompanha o uso de seu poder.
 
Ele sabe que pensamentos são coisas e que é facilmente possível fazer um grande mal ou um grande bem por seu intermédio. Ele sabe que nenhum homem vive para si mesmo, pois cada pensamento age também sobre os outros; que a vibração que emite de sua mente e de sua natureza mental estão se reproduzindo nas naturezas mentais dos outros homens, de modo que ele é uma fonte tanto de saúde mental quanto de doença mental para todos com que entre em contato.
 
Isto logo impõe sobre ele um código de ética social muito mais elevado do que é conhecido pelo mundo exterior, pois ele sabe que deve controlar não apenas seus atos e suas palavras, mas também seus pensamentos, uma vez que eles podem produzir efeitos mais sérios e de muito maior alcance que sua expressão externa no mundo físico. Ele sabe que mesmo quando um homem não está nem um pouco pensando nos outros, ele mesmo assim os afeta para o bem ou para o mal. Somando-se a esta ação inconsciente do seu pensamento sobre os outros ele também o emprega conscientemente para o bem. Ele põe correntes em movimento para levar auxílio e conforto mentais a muitos amigos, e neste caminho ele encontra um inteiro novo mundo de utilidade se abrindo diante dele.
 
Ele se coloca sempre do lado do pensamento mais alto antes do que do mais baixo, do mais nobre antes do que do mais vil. Ele deliberadamente assume a atitude otimista antes do que a pessimista em tudo, a auxiliadora antes que a cínica, porque sabe que esta é fundamentalmente a visão verdadeira. Por procurar continuamente o bem em tudo é que ele pode tentar fortalecê-lo, por esforçar-se sempre por ajudar e nunca por atrapalhar, ele se torna sempre de maior utilidade para seus semelhantes, e assim, a seu modo modesto, torna-se um colaborador no esplêndido esquema de evolução. Ele esquece completamente de si e vive apenas pelo bem dos outros, percebendo-se como uma parte do esquema; ele também percebe em si o Deus interno, e aprende a se tornar cada vez mais uma expressão mais verdadeira d´Ele, e em cumprindo assim a vontade de Deus ele não só estará abençoando a si mesmo, mas se tornando uma bênção para todos.
 

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