A busca pelo mestre

Enviado por Estante Virtual em seg, 16/12/2013 - 00:42
As meditações esboçadas acima servirão como uma boa base para o trabalho do iniciante, e, se seguidas conscienciosamente, devem conduzir a bons resultados. Qual precisamente há de ser o valor desses resultados dependerá, é claro, do indivíduo. Mas o crescimento dentro da vida interna de experiência espiritual pode ser acelerado tomando-se partido de certas oportunidades que são privilégio do Teosofista. Nenhum estudante sério pode continuar sendo Membro da Sociedade Teosófica se não perceber que a pedra angular de todo o nosso edifício espiritual é a concepção dos Mestres, e que seu poder é o verdadeiro sangue vital da Sociedade. Somos informados de que a Sociedade foi fundada pelos Irmãos da Grande Loja Branca, para ser em um sentido particular seu instrumento no mundo; se isso for verdade, as oportunidades do Teosofista devem ser transcendentemente magníficas. Resta ao iniciante provar este grande fato por si mesmo, como outros o têm provado antes dele. 
 
Foi dito uma vez pela Sra. Besant que um Mestre declarou que quando uma pessoa se une à Sociedade Teosófica ela se conecta aos Irmãos Mais Velhos que dirigem seu trabalho através de um tênue fio de vida. Este fio é o canal de sintonia magnética com o Mestre, e o estudante pode, com árduo esforço, pela devoção e pelo serviço altruísta, reforçar e alargar o fio até que se torne uma linha de luz viva. Os Mestres tomam como discípulos aqueles que oferecem as qualificações especiais necessárias. O fato de que haja poucos que obtêm este privilégio excepcional não precisa deter de modo algum o estudante dedicado, pois há muitos abaixo do grau de discípulo nos quais o Mestre têm um interesse e a quem auxiliam de tempos em tempos seja de um modo genérico ou com atenção especial. Na verdade, pode ser dito que há uma constante pressão da força do Mestre por trás da Sociedade, assim aqueles membros que hão de se abrir a ela podem se tornar canais pelos quais ela flua, capacitando-os a fazer em nome do Mestre trabalhos maiores que os seus próprios. 
 
Percebendo isso, o Teosofista imbuído no delineamento de sua empreitada espiritual desejará com toda probabilidade alcançar o Mestre, como o mais elevado ideal dentro de seu leque de aspirações espirituais. Como ele pode preparar-se para essa tarefa? Primeiro, por serviço dedicado, tanto em sua vida diária quanto à Sociedade que é o instrumento físico dos Mestres. Tendo isso como garantido; e que mais pode ser dito senão como ele deve proceder? O próximo passo dependerá de seu temperamento. Ele pode imaginar para si um Homem Ideal, sintetizando nele as qualidades e atributos de caráter que mais fortemente o atraem, e se esforçando para desempenhar todas as suas ações em seu nome e alcançá-lo em sua meditação. Outros escolherão ainda um método mais concreto e tentarão alcançar os Grandes Seres através daqueles que são seus alunos e discípulos no mundo externo. Tome por exemplo aqueles que se nos aparecem como os líderes mais largamente reconhecidos do movimento Teosófico. Aqueles líderes representam para muitos de nós os Mestres que estão por trás da Sociedade, e são os canais na Sociedade para sua poderosa influência. É verdade que algumas pessoas detestam a atitude de culto a heróis e devoção a pessoas; essa aversão remonta mui amiúde, ai!, de esperanças do passado, desapontamento e rupturas, enquanto em outros casos é com certeza mais fundamental e própria do temperamento. O instrumento humano pode, e geralmente o faz, mostrar muitas imperfeições; o buscador certamente não deve imitá-los, mas tampouco precisa se afligir com isso, pois não é certo que ele reverencia a idéia que anima a forma? 
 
Pois 'não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que está em vós, e o recebestes de Deus?' (I Coríntios VI, 19). As características que admiramos em um homem são manifestações da Luz Divina brilhando através dele, e aquele sentimento de admiração é a resposta dentro de nós ao ideal que vemos expresso no outro. Conseqüentemente, podemos bem nos permitir ignorar as faltas nos outros, e, mesmo evitando o tolo exagero de colocá-lo em um pedestal, sermos gratos pelos vislumbres da luz divina que eles nos revelam. A vantagem deste método de chegar ao Mestre é de que ele dá ao estudante um ideal constantemente dentro do alcance, definido e tangível a ele. Há muitos que fazem eco ao lamento de Lamartine, de que ele tinha necessidade de um Deus próximo e pessoal para ele, um Deus Cujos braços pudessem abraçar a humanidade sofredora e Cujos pés pudessem ser beijados pelos pecadores arrependidos. O mesmo pensamento, ainda que com diferente aplicação, é expresso no bem conhecido texto 'pois se ele não tiver amado o seu irmão que ele pode ver, como amará a Deus que ele não vê?' (I João, IV, 20) 
 
Cada chela1 regularmente aceito por um Mestre, e é ainda mais cada vitorioso que atravessou os portais das iniciações, é um canal da influência do Mestre; através dele o Mestre pode ser alcançado. O Mestre assumiu certa responsabilidade definida sobre dele, e ele é um posto avançado do trabalho do Mestre no mundo. Destarte, qualquer serviço feito para ele, é feito também, de certo modo, para o Mestre, mesmo que seja meramente de maneiras tão pequenas como facilitando seu trabalho ou cuidando de seu conforto físico, para não falarmos de modos mais extensos. 
 
A compreensão de tudo isso deve ser completamente clara ao estudante que voltou-se seriamente para a meta com determinação em seu coração. De muitos modos ele pode se colocar em contato com, digamos, um dos grandes líderes do Movimento Teosófico. Ele pode sintonizar sua mente com aquele líder através de suas palestras ou escritos. Uma fotografia pode ajudá-lo na meditação; e a intervalos regulares ao longo do dia ele pode fixar a imagem em sua mente e enviar pensamentos de amor, devoção, gratidão e força. Em dois pontos ele deve exercer escrupuloso cuidado, quais sejam, que sua mente esteja pura e elevada e não cheia de pensamentos mundanos quando a direcionar ao seu ideal; para isso alguns poucos momentos podem ser tomados para uma sintonização ou limpeza prévia; e em segundo lugar, que não deveria haver qualquer expectativa egoísta de ajuda, de benefícios ou favores a serem recebidos em troca. É um ponto que merece ser lembrado na meditação, que se alguém procurar rebaixar seu ideal para sua posse pessoal, ou semi-conscientemente procurar por gratificação pessoal ou um senso de poder ou outros resultados egoístas, o esforço não será coroado com o sucesso devido: o que é necessário é um ato pura aspiração altruísta, é o projetar-se para o alto, com nenhum pensamento exceto o de dar, para o objeto de sua adoração. Somente quando livre da mancha do egoísmo pessoal o pensamento do estudante funcionará em um nível suficientemente alto para abrir-se ao influxo de influências mais altas. 
 
Muito êxito pode resultar ao longo de tais linhas de esforço; pois a lei é certa, e uma vez que a proximidade do resultado infundir mais intensidade de entusiasmo, maior proporcionalmente será o resultado. Se o motivo for mantido completamente puro, e o pensamento do Mestre constantemente em mente, o estudante pode um dia perceber que a influência que ele contata provém através, antes do que da própria pessoa que personifica o ideal, e assim ele gradualmente se alçará à direta consciência da presença do Mestre. Pode ser que em alguma palestra ou cerimônia ou reunião devocional, ele se torne consciente de um Presença maior do que o instrumento físico, pois os Mestres freqüentemente se comprazem em conceder em pessoa suas bênçãos sobre tais encontros de membros dedicados. 
 
De tais modos o estudante verá que mesmo que de início os Mestres sejam para ele apenas uma concepção intelectual, uma necessidade lógica no seu esquema de filosofia, gradualmente, à medida em que seus corpos se tornam mais responsivos a influências superiores, Eles se tornarão uma realidade viva em sua vida, reconhecida e percebida tanto pelo coração como pela cabeça. 
 

  1. Chela: menino. Termo aplicado ao discípulo formalmente aceito. Fonte: Glossário Teosófico, de H. P. Blavatsky. - N. do Trad.

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