Novo Método de Exploração

Enviado por Estante Virtual em qua, 14/12/2011 - 20:35

O sentido por cujo meio o explorador é capaz de conhecer o mundo mental não é a menor das maravilhas devacânicas. Já não se vê nem ouve nem percebe por meio de separados e limitados órgãos sensórios, nem se contrai à sumamente ampliada capacidade visual e auditiva que possuía no mundo astral, senão que se encontra dotado de uma nova e estranha faculdade, que não é nenhuma das físicas e astrais, e no entanto, as sintetiza todas e vai ainda além o seu poder de percepção, pois o capacita para, quando se enfrenta com uma pessoa ou coisa, não somente a ver e perceber todas as suas vibrações, mas a conhecê-la externa e internamente com quantas causas, efeitos e possibilidades astrais e físicas concernem à pessoa ou coisa percebida.

Para o explorador do mundo celeste, pensar eqüivale a realizar sem dúvidas, demoras ou vacilações. Se pensa num lugar, imediatamente se encontra no mesmo lugar. Se pensa num parente ou amigo, instantaneamente o tem ante si, não são possíveis os erros e nem podem enganá-lo as falsas aparências, porque como em um livro aberto lê os pensamentos e emoções do seu parente ou amigo. E se tem a sorte de que entre seus amigos exista algum com este sentido superior já atualizado, seu trato será mais, completo e perfeito do que é possível na compreensão humana, pois para eles não existe a distância nem a separação, nem estão ocultos ou meio velados seus sentimentos pela exagerada expressão verbal. Não são necessárias as perguntas e as respostas porque se lêem as representações mentais à medida que se vão formando e o intercâmbio de pensamentos é tão rápido como o seu brotar da mente.

O explorador conhece tudo quanto não transcende do mundo mental. O passado do mundo terrestre é para ele tão claro como o presente, porque sempre tem à sua disposição os indeléveis arquivos da natureza, e a história surge ante sua vista ao mandato de sua vontade. Já não está à mercê dos historiadores, que arriscam a estar mal informados ou padecer de parcialidade, e pode estudar por si mesmo qualquer incidente ou episódio histórico que lhe interesse, com a certeza de que conhecerá a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade.

Se for capaz de permanecer nos três subplanos superiores do plano mental, ante ele se desenvolverá toda a história de suas vidas passadas e verá as causas cármicas que fizeram dele o que é, e também verá o que o carma lhe reserva para esgotá-lo antes de saldar a triste e longa conta. Assim conhecerá exatamente seu verdadeiro lugar na evolução.

Porém o explorador não é capaz de ver o futuro tão claramente como vê o passado, porque a faculdade e o dom de profecia pertencem a um plano superior; e ainda que no plano mental seja possível a previsão até um alcance considerável, não é perfeita, porque se o homem muito evoluído pusesse a mão na trama do destino, sua potente vontade poderia interpor novos fios e mudar o plano da vida próxima. As vezes pode-se prever o curso da vida de um indivíduo sem determinada vontade própria; porém quando o Ego resolve galhardamente reger o destino por suas próprias mãos, é impossível a exata previsão.

O ambiente. - Do exposto se infere que as primeiras impressões do discípulo. que com plena consciência se transporta ao plano mental, são provavelmente de intensa felicidade indescritível vitalidade, potência enormemente acrescentada e a perfeita confiança dimanante destas impressões. Quando o discípulo se vale do novo sentido para examinar o ambiente que o rodeia, que percebe? Encontra-se em meio de um mundo sempre cambiante de luz, cor e som, tal como jamais imaginou em seus mais delicadíssimos sonhos. Certamente é verdade no mundo terrestre que "olho não viu nem ouvido ouviu nem coube no coração do homem" as glórias do mundo celeste (1). Quem só uma vez as tenha experimentado, olhará com olhos muito diferentes o mundo terrestre, porém esta experiência é tão completamente distinta de tudo quanto conhecemos no mundo físico, que ao tratar de expressá-la em palavras se vê surpreendido por um estranho sentimento de impotência, de absoluta incapacidade não só para expressálo justamente, senão também para dar disso a menor idéia aos que não viram o mundo celeste.

Suponhamos que um indivíduo com o sentimento de intensa felicidade e enormemente acrescido do poder já aludido, se imagine flutuando num mar de vívida luz, rodeado de inconcebível variedade de encantadoras formas e cores, cujo conjunto reaja a cada onda mental que ele emita, e que aquele indivíduo se dê conta de que cada onda é a expressão de seu pensamento na matéria e na essência elemental do plano deva cânico. A matéria deste plano é da mesma índole que a do corpo mental do indivíduo; e portanto, quando vibram as partículas do corpo mental a cuja vibração chamamos pensamento, imediatamente se propagam as vibrações pela matéria do plano mental na qual suscita vibrações sintônicas, enquanto que o pensamento se reflete com absoluta exatidão na essência ele mental. O pensamento concreto toma a forma do objeto cuja idéia envolve, ao passo que as idéias abstratas se plasmam em perfeitas e formosas formas geométricas.

Sobre este particular convém advertir que muitos pensamentos que durante a vida física são para nós pouco mais que simplíssimas abstrações, tomam realidade no plano mental, mais que simplíssimas abstrações, tomam realidade no plano mental. Portanto, quem deseje neste plano dedicar-se por algum tempo à tranqüila meditação e abstrair-se de seu ambiente, pode efetivamente viver no seu próprio mundo sem possibilidade de interrupção, com a vantagem de que, como num panorama, passam ante sua vista todas as idéias seguidas de suas já realizadas conseqüências. Porém, se em vez deste ensimesmamento deseja explorar o plano em que se encontra, ser-lheá necessário suspender entretanto a atividade mental, a fim de que seus pensamentos não influam na facilmente impressionável matéria que o rodeia e alterem as condições em que se acha. Mas a suspensão das atividades mentais não deve ser confundida com a inibição completa a que propendem certas práticas da Hatha Yoga, cujo resultado é embotar a mente em absoluta passividade, já que sua ação se oporia à entrada de influências externas que são precisamente as que se desejam com semelhante método, para estabelecer uma condição muito parecida à mediunidade. Em troca, a suspensão das atividades mentais na exploração de mundo celeste não impede que a mente se mantenha positiva e vigilante, pois a suspensão interna do pensamento só tem por finalidade impedir a intrusão de apreciações puramente individuais na exploração que se vai efetuar.

Quando o explorador do plano mental se coloca em tal atitude, percebe de que, conquanto já não seja o centro de radiação de toda aquela maravilhosa profusão de luzes, formas, cores e sons, não se desvaneceu, mas, ao contrário, intensificaram-se suas harmonias e esplendores. Ao cavilar sobre a explicação deste fenômeno, conjetura que não é uma fortuita ou vã exibição, uma espécie de aurora boreal devacânica, mas algo significativo e que ele pode compreender o seu significado, até perceber que aquilo que tão extática e deleitosamente contempla é a esplendente linguagem cromática dos Devas, a expressão do pensamento ou a conversação de seres muito mais adiantados do que ele na escala da evolução. A prática experimental lhe ensina que ele também pode usar o novo e formoso modo de expressão, e esta descoberta o torna dono de uma outra parte de sua herança no reino celeste, como a faculdade de comunicar-se mentalmente e receber ensinos dos Devas.

O que se disse até agora bastará para compreender por que era impossível descrever o cenário do plano mental como se descreveu o do astral, pois em rigor o plano mental não tem cenário fixo, porém cada um estabelece um cenário peculiar segundo a índole de seus pensamentos, embora se tenha de considerar que as numerosas entidades, que continuamente passam ante ele, são já de per si, em muitos casos, objetos de transcendentalíssima beleza.

No entanto, é tão difícil expressar verbalmente as condições desta vida superior, que a mais aproximada idéia da realidade seria dizer que no plano mental são possíveis todos os cenários, que nada concebível como formoso na terra, mar e firmamento, falta no mundo celeste plenamente intensificado além de tudo quanto se possa imaginar. Mas, de todo esplendor de vívidas realidades, cada indivíduo só vê aquela parte que internamente é capaz de ver, ou seja, tudo o que seu progresso durante a vida física e astral o capacitou para responder.

As grandes ondas. - Se o explorador deseja levar mais além a análise do plano mental e descobrir o que ocorreria quando o ambiente estivesse em completa calma, sem pensamentos nem conversações que o perturbassem, pode consegui-lo revestindo-se de uma régia envoltura que nenhuma de tais influências consiga atravessar, e mantendo a mente tranqüila como antes, examinará as condições existentes no interior da envoltura.

Se efetuar esta experiência com o suficiente cuidado, notará que o mar de luz, embora não se tenha aquietado, porque suas partículas continuam vibrando interna e rapidamente, aparece homogêneo, e cessaram os coruscantes esplendores e contínuas mudanças de forma. Mas perceberá outras séries de pulsações eternamente diferentes que o brilhantismo do fenômeno anterior havia eclipsado.

São pulsações evidentemente universais que nenhuma envoltura elaborada pelo poder humano será capaz de resistir ou repelir., Não determinam mudanças de cor nem assumem forma, senão que fluem com indefectível regularidade através de toda a matéria do plano, externa e internamente, como a aspiração e a inspiração de um formidável alento além de nosso alcance.

Se o visitante é puro de coração e de mente e chegou a certo grau de aperfeiçoamento espiritual, poderá identificar a consciência com fluxo desta admirável onda e submergir-se espiritualmente nela para que o conduza até a fonte original.

Digo que é possível, porém não prudente, a menos que seu Mestre esteja ao lado para afastá-lo no preciso momento do formidável encontro, a fim de evitá-lo, porque sua irresistível força o levaria a planos ainda mais altos cujos esplendores ainda mais intensos o seu Ego seria incapaz de suportar, pois perderia sua consciência, sem certeza de quando ou como recuperá-la.

Certamente que o objetivo final da evolução do homem é o atingimento da unidade, porém tem de alcançá-la em plena e perfeita consciência, como vitorioso rei que entra triunfalmente em seus domínios, e não absorto num estado de rara inconsciência lindeira com a aniquilação.

Os mundos celestes inferiores e superiores. - Tudo quanto fica dito pode aplicar-se à inferior subdivisão ou subplano do mundo celeste, que como o astral e o físico também compreende sete subdivisões. As quatro inferiores constituem o mundo celeste inferior, onde subsistem as formas e a maioria dos seres humanos reencarnantes passa sua longa vida de felicidade entre duas encarnações. As três subdivisões ou subplanos superiores constituem o mundo celeste superior, onde já não existem formas e é a verdadeira morada do Ego ou Alma humana.

Ao mundo celeste inferior se chama mundo rúpico ou com forma, porque nele cada pensamento assume uma forma definida, enquanto que ao mundo celeste superior se chama arúpico e nele o pensamento se manifesta de maneira muito diferente, segundo veremos mais adiante (2). A distinção entre estas duas grandes subdivisões do mundo celeste, a rúpica e a arúpica, é tão assinalada, que para manifestar-se nelas o Ego necessita de dois diferentes veículos de consciência. O veículo apropriado para atuar no mundo celeste inferior, ou seja, nos céus primeiro, segundo, terceiro e quarto, é o corpo mental, enquanto que o veículo do Ego no mundo celeste superior é o corpo causal, que subsiste durante todo o ciclo de reencarnações.

No mundo celeste inferior ainda é possível algum grau de ilusão nos que não têm ainda muito desperta a consciência ao morrer o seu corpo físico.

Os altos pensamentos e nobres aspirações que manifestou durante a vida terrena agrupam-se em torno do Ego e formam uma espécie de envoltura, algo semelhante a um mundo subjetivo peculiar ao Ego, onde passa a vida celeste percebendo mui debilmente, ou não percebendo, os esplendores do mundo circundante, e crente de que tudo quanto vê é a única coisa que ali se pode ver. No entanto, semelhante envoltura não é uma limitação, pois serve para que o Ego se acostume a responder a determinadas vibrações, e não para separá-lo dos demais, pois mediante os pensamentos que o rodeiam assimila os frutos do mundo celeste. O plano mental é um reflexo da Mente Divina, um inesgotável e infinito depósito donde o Ego pode extrair tudo quanto lhe permita o dinamismo dos pensamentos e aspirações engendrados durante a vida física e astral. Mas, no plano causal, o pensamento já não assume formas limitadas, embora ainda alguns Egos estejam ali meio conscientes do que os rodeia.

Ação do pensamento. - Para compreender a índole de cada uma das grandes subdivisões do mundo celeste, o plano mental e o plano causal, é necessário conhecer algo da ação do pensamento em ambas subdivisões, sem prejuízo de tratar mais extensamente deste ponto no capítulo correspondente.

Nos começos de nossas investigações, tornou-se evidente que no plano mental também havia, como no astral, uma essência elemental completamente distinta da matéria própria do plano, e que essa essência elemental era ainda mais instantaneamente sensível à ação do pensamento que a do plano astral, pois no mundo celeste tudo era substância mental. Portanto, não só a essência elemental, mas toda a matéria própria do plano está diretamente afetada pela ação do pensamento, de maneira que convém distinguir entre ambas as ações. Depois de algumas provas, nossos investigadores adotaram um método que deu idéia clara dos diferentes resultados produzidos. Um investigador permaneceu no mundo mental emitindo formas de pensamento, enquanto outros investigadores ascendiam ao plano causal para observar dali o que sucedia e evitar, toda possibilidade de confusão. Nestas circunstâncias começou-se a enviar um afetuoso e auxiliador pensamento a um amigo ausente em país distante. O resultado foi notável. Uma espécie de concha vibrátil formada da matéria do plano difundiu em todas as direções em torno do investigador, à maneira de círculos concêntricos que nas águas tranqüilas provoca a queda de uma pedra,, com a diferença de que a concha vibrátil era esférica. As vibrações desta concha iam perdendo intensidade à medida que se afastavam de sua fonte, até que se extinguiam ou pelo menos eram imperceptíveis ao chegar a muita distância.

Assim vemos que cada Ego é no mundo mental um foco emissor de radiações mentais que se propagam em todas as direções, sem se entrecruzarem umas com as outras. Nisto se parecem a raios luminosos no mundo físico. A difundida esfera de vibrações estava policromática e iridescentemente colorida, pois suas cores empalideciam à medida que se afastava até que por fim se desvaneciam. No entanto, o efeito era muito diferente na matéria essencial do plano, na qual o pensamento produzia imediatamente uma forma semelhante à humana, de uma só cor, porém com muitos matizes da mesma. Esta forma observada se difundiu instantaneamente através do oceano, dirigindo-se para o amigo a quem se tinha enviado o afetuoso pensamento, e chegada ao seu destino, tomou essência elemental do plano astral para converter-se em um elemento artificial do plano astral, à espera de ocasião para derramar sobre o amigo a saudável influência de que estava carregada. Ao conectar-se com a matéria astral, perde a matéria mental grande parte de seu brilho, embora ainda se distinga sua refulgente cor rosa-pálido no interior da envoltura da matéria astral, demonstrando que assim como o pensamento original animou a essência elemental de seu próprio plano, assim também o mesmo pensamento acrescido de sua forma como elemental mental, atuava como alma do elemental astral, seguindo nisto o método empregado pelo espírito humano que se vai revestindo de corpo sobre corpo em sua descida através dos diversos planos e subplanos de matéria.

Ulteriores experiências demonstraram que a cor do elemental projetado variava segundo a índole do pensamento. Já dissemos que o pensamento de intenso afeto projetado em auxílio do amigo ausente assumia uma refulgente cor de rosa. Outro pensamento de intenso desejo de saúde dirigido a um amigo enfermo produziu um simpático elemental cor de prata, e um ardoroso esforço mental para fortalecer e afirmar o ânimo de uma pessoa abatida e desesperada, pôs em evidência um elemental de brilhante cor dourada.

Em todos estes casos, além das brilhantes cores e vibrações determinadas pelo pensamento na matéria do plano, projetou-se para a pessoa visada uma força definida em forma de um elemental. Mas houve uma notável exceção.

Um dos investigadores, enquanto estava na subdivisão inferior do plano, enviou um pensamento de intenso amor e devoção ao seu Mestre, e os que estavam observando do plano causal notaram que o resultado era inverso ao produzido nos casos anteriores.

Convém recordar que um discípulo está sempre relacionado com o seu Mestre por uma constante corrente de pensamento e influência, que no plano mental se manifesta como um intenso raio de cintilante luz das três cores: violeta, ouro e azul; de maneira que bem se podia esperar que o ardoroso e amante pensamento do discípulo vibrasse na direção do raio.

Mas em vez disso, o resultado foi a intensificação das cores do raio e um fluxo muito distinto de influência dirigida ao discípulo. Portanto, é evidente que quando um discípulo pensa em seu Mestre, o que em realidade faz é intensificar sua conexão com ele e abrir assim um caminho para receber o auxílio de um fluxo adicional de força dimanante dos planos superiores. Parece como se o Mestre estivesse tão fortemente carregado de fortalecedora influência, que qualquer pensamento que acrescente a atividade de um canal com o comunicante não estabelece uma corrente até ele, como em outros casos sucede, sendo que estabelece uma saída pela qual flui o grande oceano de seu amor.

Nos subplanos arúpicos, ou seja, no plano causal, é muito assinalada a diferença dos efeitos do pensamento, sobretudo em relação à essência elemental. A alteração na matéria peculiar do plano causal é análoga à causada na do mental, ainda que muito mais intensa por causa da sutileza maior da matéria; mas não se cria forma alguma na essência mental do plano arúpico e é muito diferente o modo de ação.

Nas experiências realizadas nos planos inferiores ao causal, observou-se que o elemental pairava sobre a pessoa a quem se dirigia o pensamento, à espera de oportunidade favorável para derramar a sua energia sobre o corpo mental, astral ou físico da pessoa. Mas no plano causal o resultado da ação do pensamento é uma relampagueante rajada que da essência do corpo causal do pensador se dirige ao corpo causal do Ego, objeto de seu pensamento. De sorte que assim como no plano mental o pensamento vai sempre dirigido à personalidade, no plano causal o pensamento influi diretamente na individualidade, no verdadeiro homem, e se o pensamento tem alguma relação com a personalidade, chegará a ela do corpo causal do indivíduo a quem se dirigiu o pensamento.

Formas de pensamento. - Sem dúvida que nem todos os pensamento percebidos formalmente no plano mental ou rúpico estão dirigidos a determinada pessoa, mas que muitos flutuam vagamente no ambiente do plano com infinidade de formas e cores, de modo que sua observação e estudo é em si uma ciência fascinadora. Maior espaço do que dispomos seria necessário para descrever sequer as principais classes de tais pensamentos; porém nos dará uma idéia dos princípios fundamentais de sua formação o seguinte extrato de um artigo publicado pela Dra. Besant no Lúcifer de setembro de 1896, revista antecessora de The Theosophical Review:

"As formas de pensamento lançadas pela ação da mente baseiam-se nos três princípios seguintes:

1 - A qualidade do pensamento determina a cor.

2 - A natureza do pensamento determina a forma.

3 - A precisão do pensamento determina a nitidez de seu contorno.

"Se os corpos astral e mental vibrarem sob o impulso de um sentimento de devoção, a aura do indivíduo ficará tingida de um azul mais ou menos vivo, puro e formoso, segundo o grau de intensidade, pureza e elevação do sentimento devocional. Numa igreja pode ver-se esta classe de formas de pensamento que, à semelhança de nuvens azuis, flutuam no ambiente sem contornos definidos. Freqüentemente a cor azul fica esmaecida pelo tom escuro de pensamentos egoístas; porém o pensamento devocional sem sombra de egoísmo é de uma formosa cor azul, semelhante à do firmamento em dia estival. Do seio dessas nuvens azuis brotam, às vezes, como chuva de chispas, umas brilhantes estrelas cor de ouro.

"A cólera e a ira dão cor vermelha, desde o matiz de ladrilho até o escarlate brilhante; e se a cólera é brutal, manifestar-se-á em rajadas de um vermelho azul-violáceo, surgidas de nuvens negras, enquanto que a ira chamada de "nobre indignação" dá uma viva cor escarlate de aspecto repulsivo.

"O amor, a amizade e a benevolência manifestam-se em nuvens de um matiz rosado que varia desde o carmim embaçado quando o amor é de índole animal, passando pelo rosa vivo com mescla de moreno quando é egoísta, até o belo tom do suavíssimo rosa semelhante às primeiras cintilações da aurora quando o amor está limpo de todo sentimento egoísta e se difunde em círculos cada vez mais amplos de uma generosa e impessoal ternura e compaixão para todos os que dela necessitam.

"A intelectualidade determina formas mentais de cor amarela, de matiz muito delicado quando a razão é pura, e se encaminha para fins espirituais; porém, se os pensamentos estão misturados com emoções de ambição ou egoísmo, sua cor será alaranjada clara e viva.

"Um pensamento pode produzir a forma de quem o projeta, como, por exemplo, quando uma pessoa deseja ardentemente visitar um parente ou um amigo ausente, e a forma deste pensamento pode ser, no caso de poderosa intensidade, a corporal de quem o projeta, de maneira que, um clarividente que se achasse junto ao parente ou amigo, acreditaria que o visitante estivesse ali em corpo astral. Uma forma de pensamento desta índole poderia comunicar uma mensagem, se esse fosse o seu propósito, suscitando no corpo astral do receptor vibrações sintonizadas com as suas, e do corpo astral passariam ao cérebro físico onde se plasmariam em palavras."

Convém advertir que algumas das vibrações mencionadas na passagem transcrita em combinação com formas de pensamento astrais e mentais, necessitam de matéria astral e mental para manifestar-se, e também pode acontecer que uma forma de pensamento astromental tome figura humana e se confunda com uma aparição.

Os subplanos. - Se perguntarmos qual é a diferença exata entre a matéria dos vários subplanos do plano mental, a resposta teria de ser muito vaga, pois já esgotamos todos os adjetivos disponíveis para descrever os quatro subplanos inferiores que constituem o plano concretamente mental, sem que seja possível a descrição verbal dos três subplanos superiores que constituem o plano causal ou da mente abstrata.

O que poderíamos dizer senão que no plano causal a matéria é mais sutil, as harmonias mais sonoras e a luz mais intensa e diáfana? Há mais tonalidades no som, mais delicados entrematizes nas cores e novos tons aparecem completamente desconhecidos da vista física e etérea; porém, verdadeiramente se tem dito que a luz do plano mental é obscuridade no plano causal.

Talvez se compreenda melhor a idéia se começamos de cima para baixo em lugar de baixo para cima, e vemos que a matéria do subplano causal superior está animada e vivificada por uma energia fluente do plano superior imediato. Se descemos ao segundo subplano causal, vemos que a matéria do primeiro é a energia do segundo, isto é, que a energia original mais a matéria do primeiro subplano constituem a energia animadora da matéria do segundo subplano. Analogamente no terceiro subplano causal, ou seja, o inferior, temos a energia original duplamente velada pela matéria do primeiro e segundo subplanos, de sorte que considerando em conjunto o plano mental em seus sete subplanos, ao chegar ao sétimo ou ínfimo, contando de cima para baixo, vemos que a energia está velada sete vezes, e portanto, sua atividade não é tão potente como nos subplanos anteriores. Este processo é exatamente análogo ao envolvimento de Atman ou primordial espírito a descer como essência monádica para animar os planos cósmicos.

Memórias do passado. - Ao tratar das características gerais do mundo mental, não devemos omitir a das recordações do passado ou memória da natureza, única história fidedigna do mundo terrestre, no qual só temos um reflexo de algo superior, embora claro, preciso e contínuo, ao contrário da inconexa e espasmódica manifestação nas recordações do mundo astral. Portanto, o clarividente só pode confiar em seus pensamentos do passado se possui visão mental, e mesmo assim há de saber transportar-se em plena consciência do plano mental ao físico para que não haja erro de transmissão na recordação do que percebeu. O estudante que conseguiu atualizar suas potências até o ponto de usar o sentido correspondente ao plano mental, enquanto está ainda no corpo físico, tem ante si um campo de investigação histórica arrebatadoramente interessante. Não só pode rever toda a história que conhecemos e corrigir os muitos erros e falsos conceitos deslizados nos relatos que nos foram transmitidos até nossos dias, mas é capaz de enlaçar toda a história desde o princípio do mundo e observar a lenta evolução da mente humana, a vinda dos Senhores da Chama e o desenvolvimento das potentes civilizações que fundaram.

Seu estudo não se limitará ao progresso da humanidade, pois tem ante si como num museu todas as formas vegetais e animais que povoaram a juventude do planeta, e pode presenciar as admiráveis mudanças geológicas que têm ocorrido, e seguir o curso dos formidáveis cataclismos que repetidamente alteraram a face da terra.

Muitas e variadas possibilidades, oferece o acesso ao arquivo, de maneira que tão-só por esta vantagem seria o mundo mental mais interessante que o astral e o físico. Porém, quando a isto acrescentamos o maior número de oportunidades, que para a aquisição de conhecimento nos oferece a nova e mais ampla faculdade de comunicação direta e expedita, não só com o reino dévico, mas também com os Mestres da Sabedoria: quando consideramos o descanso e o consolo que das penalidades da vida física proporciona a intensa e imutável felicidade da vida celeste, e sobretudo a enormemente acrescentada capacidade de servir o próximo, então percebemos algo do que um discípulo ganha ao adquirir o direito de entrar à vontade e com plena consciência no fúlgido reino do mundo celeste.

 


Notas do capiítulo

  1. Compare-se com Isaías, 64:4, e 1 Coríntios, 2:9. (N. da T.)
  2. Compare-se com 11 Coríntios 12:2, 3 do apóstolo Paulo. Se existe terceiro céu, seguramente há também o primeiro e o segundo, sem mencionar os outros quatro. (N. da T.)

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