A multidão das Almas escoa-se e avança guiada pelo lento decorrer do tempo. A terra arrasta-as no seu movimento, e quando um globo sucede a outro, elas passam de um globo a outro. Mas a Religião Sabedoria é de novo proclamada ao mundo para que aquelas que assim o querem deixem de flutuar ao acaso e possam aprender a caminhar mais depressa do que a lenta evolução dos mundos.
O estudante que aprendeu alguma coisa da significação da lei, da sua certeza absoluta, da sua exatidão infalível, começa a ser senhor de si e a dirigir a própria evolução. Perscruta o próprio caráter e trata de modelá-lo, esforçando-se por exercitar as capacidades mentais e morais, alargando capacidades, fortalecendo fraquezas, preenchendo insuficiências, extirpando inutilidades. Já sabe que há de vir a ser aquilo sobre o que medita; portanto, medita deliberadamente e com regularidade sobre um ideal nobre compreendendo a razão por que o grande iniciado cristão, S. Paulo, recomendava aos seus discípulos "que aplicassem o pensamento às coisas honestas, verdadeiras, puras, justas, dignas de ser amadas e com boa fama". A meditação sobre o seu ideal será diária; diariamente se esforçará por vivê-lo, com calma e perseverança, "sem pressa, sem repouso", sabendo que o está construindo sobre alicerces sólidos, assentes na rocha dura da lei eterna. É para a lei que ele apela; é nela que acha o refúgio. Para um homem assim, não há queda possível, não há, nem no céu nem na terra, poder algum que venha interceptar-lhe o caminho. Durante a vida terrestre, reúne experiências, utilizando tudo o que se lhe apresenta no caminho; durante o Devachân, assimila-as e traça o plano das construções futuras.
É nisso que reside o valor de uma teoria verdadeira da vida, mesmo que essa teoria assente no testemunho de outrem e não no conhecimento individual. O homem que aceita e compreende em parte a obra do Karma pode começar imediatamente a construir o caráter, ponderando muito, refletindo serenamente antes de colocar cada pedra, porque é para a eternidade que constrói. Não mais acumular ou demolir à pressa, seguir hoje um plano, amanhã outro, e não ter nenhum para o dia seguinte. As indecisões acabaram: agora existe o traçado do caráter, e a edificação faz-se seguindo-o à risca. A Alma é o arquiteto e, ao mesmo tempo, o pedreiro da obra; já não perde o tempo que perdia no princípio. Por isso os últimos estágios da evolução se sucedem velozmente, e a Alma, atingida a sua virilidade, torna-se forte e faz progressos espantosos, quase inacreditáveis.