Evolução e ilusão

Submitted by Estante Virtual on Sun, 12/02/2012 - 11:22

P:  Mas quem é que a cada vez  cria o universo?

T: Ninguém o cria. A ciência chamaria a esse processo: evolução; os filósofos pré-cristãos e os orientalistas, o chamavam: emanação; nós, ocultistas e teósofos, vemos nele a única realidade universal e eterna, que projeta um reflexo de si mesma nas profundidades infinitas do espaço. Esse reflexo que você considera como o universo objetivo material, nós o vemos como uma ilusão passageira, e mais nada. Só o que é eterno é real.

 

P: De acordo com isso, você e eu também somos ilusões?

T: Como personalidades passageiras, sendo hoje uma pessoa e amanhã outra, realmente o somos. Você chama de "realidade" aos repentinos resplendores da aurora boreal, às claridades do norte, por mais que sejam reais e possíveis enquanto as contempla? Seguramente não; a causa que as produz, sim, é permanente e eterna, é a única realidade, enquanto que o efeito não é mais do que uma ilusão passageira.

 

P: Tudo isso não me explica como se origina esta ilusão chamada universo; como procede o ser consciente para se manifestar, da inconsciência que é.

T: Só é inconsciência com relação à nossa consciência finita. Podemos bem parafrasear o versículo 5 do primeiro capítulo de São João, e dizer: "E a (absoluta) luz (que é a o homem dos bosques e o negro até o Apoio de Belvedere —, obscuridade para nós), resplandece nas trevas (que é a luz material ilusória); e as trevas não a compreenderam". Aquela luz absoluta é também a lei absoluta e imutável. Seja por radiação ou emanação - - não vamos discutir pelos termos - - o universo passa de sua subjetividade homogênea ao primeiro plano de manifestação, existindo, segundo nos ensinaram, sete deles; vai-se fazendo mais material e denso em cada plano, até alcançar este — o nosso -- no qual o único mundo aproximadamente conhecido e compreendido em sua composição física pela ciência é o sistema planetário ou solar, sistema sui generis, conforme nos dizem.

 

P: Por que sui generis?

T: Entendo que se a lei fundamental e as leis universais ativas da natureza são uniformes, sem dúvida nosso sistema solar tem (assim como cada sistema semelhante entre os milhões no cosmo), e até nossa terra, seu programa de manifestações próprio, particular, que difere dos programas dos demais. Falamos dos habitantes de outros planetas e imaginamos que, se são homens, isto é, entidades que pensam, serão como nós. A imaginação dos poetas, pintores e escultores sempre nos representa: até os anjos são cópias bonitas do homem, mas de asas. Dizemos que tudo isto é um erro e uma ilusão; porque, se apenas na terra encontramos uma diversidade tão grande de flora, fauna e humanidade — desde a alga marinha até o cedro do Líbano, desde a água-viva até o elefante, desde o homem dos bosques e o negro até o

Apoio de Belvedere —, alteradas as condições cósmicas e planetárias, o resultado há de ser uma flora, fauna e humanidade completamente diferentes. As mesmas leis mudam a ordem das coisas e dos seres, ale mesmo neste nosso plano, incluindo nele todos os nossos planetas. Quanta diferença deve haver na natureza externa em outros sistemas solares! E que loucura é julgar as outras estrelas, mundos e seres humanos, por aquilo que somos, como faz a ciência física!

 

P: Em que antecedentes se baseiam para formular esta asserção?

T: O que a ciência jamais aceitará como prova: os testemunhos acumulados de uma interminável série de videntes que o atestam. Suas visões espirituais, suas explorações reais através dos sentidos psíquicos e espirituais livres da matéria cega, foram sistematicamente regularizadas, comparadas umas com outras, e sua natureza analisada e investigada. Tudo aquilo que não era corroborado por uma experiência unânime e coletiva, era desprezado; e só era aceito como verdade estabelecida, o que em várias idades, sob diferentes climas e depois de um sem número de observações incessantes, resultou exato e podia ser constantemente comprovado. Como você percebe, os métodos empregados por nossos discípulos e estudantes das ciências psico-espirituais não diferem dos usados pelas ciências naturais e físicas. Só que nossos campos de indagação acham-se em dois planos diferentes; e nossos instrumentos não são construídos por mãos humanas, e, talvez por isso, mais dignos de crédito. As retortas e microscópios do químico e do naturalista podem se decompor; o telescópio e os instrumentos do astrônomo podem partir-se; mas nossos instrumentos de análise escapam à influência dos elementos da atmosfera.

 

P: E, em conseqüência, têm fé implícita neles?

T: A palavra fé não se encontra nos dicionários teosóficos: dizemos conhecimento, baseado na observação e experiência. Sem dúvida, existe a seguinte diferença: enquanto que a observação e experiência da ciência física conduz os sábios a tantas hipóteses "ativas" quantos cérebros há para formá-las, nosso conhecimento nos permite somar à sua sabedoria somente aqueles fatos que resultaram inegáveis e absolutamente demonstrados. A respeito do mesmo ponto, não temos duas crenças ou hipóteses distintas.

 

P: E com semelhantes dados, aceitaram as estranhas teorias encontradas no "Buddhismo esotérico"?

T: Precisamente. Essas teorias podem ser algo incorretas em seus menores detalhes, e até errôneas em sua exposição, feita por estudantes do círculo externo; mas sem dúvida são jatos na natureza, e se aproximam mais da verdade que qualquer hipótese científica.

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