O Estudo dos Símbolos

Enviado por Mauricio Medeiros em sex, 01/06/2012 - 12:51
Este não vai ser um artigo sobre o significado dos símbolos. Sobre esse assunto é fácil encontrar material de estudo na internet. Nosso foco será dar um passo para trás e trabalhar sobre a questão de "por que dedicar meu tempo ao estudo dos símbolos".
 
Que benefícios extraímos desse estudo? Ao lembrar que o conhecimento sem propósito ou não aplicado satisfaz apenas à nossa personalidade, qual deve ser nossa motivação no estudo da miríade de símbolos com os quais nos deparamos praticamente em todo texto esotérico?
 
Antes de mais nada, vamos definir o que iremos chamar de símbolo. Nas palavras de Djwal Khul em "Glamour, A World Problem",
Símbolos são a forma visível de manifestação exterior das realidades íntimas internas
Se prestarmos atenção, essa é uma definição incrivelmente ampla. Somadas, todas as formas, dos diversos planos de existência, são a expressão do Princípio Divino. Dentro de um contexto menor, o sol, os elementos químicos, o próprio ser humano, são a manifestação externa, em um determinado ponto de evolução, de um propósito interno. Na realidade, o que não é a manifestação externa de um propósito que o subjaz? Tudo que percebemos do mundo são símbolos.
 
Como ponto de partida, podemos então dizer que estudar um símbolo, a forma visível manifestada, nos direciona à compreensão de uma realidade interna, que por sua vez é a expressão de um determinado propósito.
 
O parágrafo acima nos sugere uma forma de estudo dos símbolos. Vejamos:
 
Inicialmente, os símbolos devem ser estudados do ponto de vista exotérico. Isso significa recorrer através da memória aos nossos estudos, e a todo o conjunto de idéias que absorvemos ao longo da vida, e com base nisso analisar a forma exterior do símbolo. Suas cores, formas geométricas, os números ali representados, sua função. Essa análise puramente racional nos traz uma série de conceitos que fazem parte da representação do símbolo. Esse conjunto de características exotéricas, além de indicar um significado, serve para relacionar esse conceito ao estágio de evolução que o Logos solar, o Logos planetário e a humanidade - os três grandes construtores de símbolos - alcançaram, e portanto a representação exotérica não é imutável.
 
Para aqueles que ainda se encontram no "Salão da Ignorância", este é o ponto máximo que pode ser alcançado no estudo dos símbolos. Porém a partir do momento em que o homem começa realmente a usar a sua capacidade mental e faz ao menos um pequeno contato com seu Ego, e consequentemente adentra no "Salão do Aprendizado", ele começa a perceber o que se encontra além da forma, na "alma", por assim dizer, por trás da forma, e o faz através do conhecimento de sua própria alma.
 
Neste ponto um novo passo pode ser dado na compreensão dos símbolos.
 
Quando estiver perfeitamente familiarizado com o aspecto forma do símbolo, e puder evocá-lo com facilidade, o estudante deve começar a buscar uma identificação com o símbolo. Procure "sentir" a realidade velada pela forma. Em outras palavras, após o devido estudo exotérico, deve-se buscar entender que sentimentos o símbolo evoca, que aspirações, sonhos, ilusões, reações ele desperta e são registradas conscientemente.
 
Esse último ponto merece uma explicação adicional. Essa identificação astral buscada visa iniciar um estímulo que posteriormente desencadeará a estimulação da faculdade intuitiva. A intuição é uma faculdade búdica, e não astral, porém esses dois planos estão intimamente relacionados. O contato da personalidade com o princípio egóico da intuição deve ser conduzido primariamente pelo corpo astral, e não pelo mental. O que nos traz ao que talvez seja o maior objetivo no estudo dos símbolos: o progressivo despertar da faculdade intuitiva.
 
Este é um processo necessariamente lento. Djwal Khul recomenda o estudo de quatro símbolos por ano (quatro!!!). Claro que a forma de estudo a qual ele se refere não é puramente exotérica; na realidade, para que tenhamos condições melhores para iniciar o estudo dos símbolos da forma descrita neste artigo, dependemos de um extenso estudo anterior em nível exotérico. Mas os passos seguintes, de identificação astral e os que ainda serão explicados, são completamente baseados na observação diária e constante das reações de nossos corpos, e consequentemente são individuais - esse tipo de experiência não pode ser adquirida em um livro, ela deve ser conquistada em primeira mão, através do esforço persistente e inteligente.
 
Mas voltando à identificação astral. Atente, dia após dia, para o efeito da força ou energia evocada pelo símbolo sobre você e a qualidade da vibração que ela desperta talvez em algum centro, talvez em seu corpo astral, ou talvez apenas em sua mente. Esse efeito pode ou não variar a cada dia; apenas seja sincero consigo mesmo nesse registro e procure assimilar o máximo que puder desses efeitos.
 
Após sentir-se seguro em relação ao efeito do símbolo sobre sua personalidade, um novo passo deve ser dado. Utilizando o conhecimento exotérico do símbolo e a resposta astral de sua personalidade à ele, comece a buscar o conceito sintético expressado. Eleve tudo para o reino mental, colocando o foco da mente sobre o assunto. Isso é semelhante ao trabalho meditativo, com a diferença de que nesse caso nenhum contato direto com o ego está sendo buscado - o foco é o plano mental.
 
Tenha em mente que a idéia representa a intenção mais alta ou abstrata do símbolo, e que o significado do símbolo é essa intenção expressa em termos da mente concreta. Essa idéia sempre será sintética, mesmo que para chegar a ela seja necessário analisar todas as partes do símbolo separadamente e levar em consideração todos os efeitos que sentiu em sua personalidade. O importante é que, ao final da análise, você não se sinta satisfeito até conseguir sumarizar todos os significados encontrados em um único conceito, um único significado, um único nome.
 
Este conceito sintético subjacente ao símbolo ainda não é seu propósito motivador. Fazendo uma analogia para explicar o que chamo de propósito motivador, imagine que você possui uma empresa, e percebe que as várias áreas estão tendo retrabalho demais - e consequentemente gastando demais - devido aos esforços não serem coordenados. Cada gerente toma decisões baseado apenas nas informações de sua área, sem levar em conta a estratégia da presidência, o que faz com que a empresa como um todo não consiga crescer.
 
Após uma análise, você entende que a raiz do problema é a falta de comunicação entre as áreas. Elabora então um plano de ação para desenvolver esse ponto, a comunicação entre as áreas, visando a coordenação dos esforços. Este é o propósito: coordenar os esforços das áreas através da comunicação entre elas para que a empresa possa crescer. Para realizar esse propósito, você desenvolve um plano de comunicação e implanta uma série de mudanças na empresa. Constrói salas de reunião, troca as centrais telefônicas, cria algum novo cargo para cuidar desse aspecto. Estes elementos (sala de reunião, central telefônica, o novo cargo) são símbolos que possuem, individualmente, diversas conotações, porém reunidos atendem a um propósito bem determinado que os subjaz - a coordenação das áreas.
 
Para quem estiver disposto a um pequeno exercício mental, transfira a analogia acima aos nossos diversos veículos de expressão e à construção do antakharana! É um exemplo bastante simples, mas imagino que sirva bem para fixar a idéia.
 
Retomando alguns pontos: partimos da análise exotérica, baseada na memória, identificando todas as partes utilizadas na criação do conceito expresso pelo símbolo. Nesse processo treinamos também, sem o perceber, nossa capacidade de visualiação deste símbolo. Passamos então à análise das reações astrais, conseguindo uma compreensão clara do efeito do símbolo em nossa personalidade, e seus efeitos no plano físico. Elevamos todos esses dados para o plano mental e encontramos o conceito sintético expresso pelo símbolo, assimilando em uma fórmula simples - porém cujas diversas associações com inúmeras outras formas pensamento estão agora sob nosso domínio - a função para a qual o símbolo foi projetado.
 
Ao final desse processo, estamos aptos a aplicar este símbolo em nossas vidas, em nossas atividades, sabendo exatamente qual efeito buscamos obter, quais formas mentais estamos evocando, e tendo treinado nosso poder criador através da visualização exata e intensa do símbolo em questão. Esse conhecimento, neste ponto, não é mais puramente racional, pois envolvemos experiência real de todos os corpos de nossa personalidade na sua obtenção. Conquistamos, por assim dizer, o direito de utilizar esta nova "ferramenta". Usando outra analogia simples, ler o manual de instruções de um carro não nos capacita a extrair benefícios de seu uso - precisamos frequentar uma auto escola e praticar seu uso até que o dominemos, e ele se torne uma segunda natureza nossa. Apenas então ele produzirá em nossas vidas o efeito para o qual foi criado.
 
Resta um ponto a ser tratado, e um ponto sumamente importante: a afirmação de que o estudo dos símbolos serve ao propósito de despertar progressivamente nossa capacidade intuitiva, ou seja, nosso elo com o plano búdico.
 
Quando nos aplicamos durante o estudo de um símbolo específico na identificação das nossas reações astrais à ele, estamos de fato atentos ao plano astral, e não ao plano búdico. É certo que o estímulo do corpo astral afeta, por repercussão, o corpo búdico, e assim muito lenta mas seguramente desenvolve suas potencialidades, porém existe outro aspecto envolvido quando consideramos o estudo e aplicação de inúmeros símbolos em nosso dia a dia.
 
Como parte do nosso processo de estudo dos símbolos, devemos buscar identificá-los em nossa vida. Devemos treinar a capacidade de enxergar os símbolos ao nosso redor, e associá-los aos conceitos e objetivos que aprendemos. Em grande parte, a nossa capacidade de enxergar os símbolos ao nosso redor está associada ao nível de significado que damos aos eventos de nosso dia a dia.
 
O estudo dos símbolos nos fornece mais e mais elementos que estão sob nosso domínio nos planos astral e mental; progressivamente, adquirimos uma capacidade inata de navegar entre esses símbolos e ficamos, por assim dizer, mais "a vontade" nestes planos, e de uma forma bastante literal passamos a viver mais próximos deles. Consequentemente, identificamos cada vez mais seus elementos em nossas vidas, e todas essas associações feitas de forma consciente potencializam a estimulação e o vínculo sendo criado com nosso Ego. Este é o canal que entendo como maior estimulador de nossa capacidade intuitiva. Esta é também a forma pela qual entendo que os símbolos se tornam métodos de expressão cada vez mais poderosos; a cada nova "ferramenta" obtida, assimilamos novos propósitos.
 
E isto nos leva ao encerramento de todo esse raciocínio sobre a forma de estudo dos símbolos. Associar os símbolos aos propósitos de seus criadores - o Logos solar, o Logos planetário ou a humanidade, como dito anteriormente - faz com que seu uso movimente toda uma nova série de formas concretas criadas em planos superiores, associadas também a este propósito, e que fazem parte de nossa herança mental e racial - uma herança que passamos, dessa forma, a poder utilizar.
 
O estudo dos símbolos desta forma se constitui em um treino que intensifica nosso poder de penetrar na forma, encontrar a realidade subjetiva e aplicá-la em nossa vida, e não é uma tarefa fácil senão para uma ínfima minoria. Além disso, produz uma integração maior entre a alma, a mente e o cérebro, o que provoca um aumento na capacidade intuitiva (e sua manifestação no plano físico como iluminação, compreensão e amor) e consequentemente a recepção da verdade se torna mais rapidamente possível. Por fim, esse estudo provoca uma tensão em certas áreas pouco utilizadas do nosso cérebro, ativando as células ali encontradas, e isso é o primeiro estágio na experiência do aspirante. O progressivo despertar do chakra coronário é um passo importante para que estes aspirantes possam trabalhar com todo seu potencial, tornando-se assim melhor preparados para o serviço pelo grupo.

 

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